domingo, outubro 31, 2004

De que cor?

Tenho-me feito esta pergunta várias vezes, especialmente ao Domingo, dia normal para os desafios da bola, antes e depois dos jogos do Penafiel. As cores do Penafiel sempre foram o vermelho e o preto, mas com predominância para a primeira, no entanto nos últimos tempos a cor das camisolas tem sido o amarelo. Poderia pensar-se que dadas as cores do equipamento do adversário as regras obrigassem à utilização de um equipamento de coloração alternativa, mas a realidade não tem sido essa e mesmo o equipamento principal caracteriza-se principalmente pela cor preta e apenas com laivos de vermelho e em riscas verticais.
Será que na próxima Assembleia Geral do clube vai constar da ordem de trabalhos uma alteração às cores do equipamento para o azul e branco?

sábado, outubro 30, 2004

Só posso ter orgulho….

NOVA TEM O MELHOR CURSO DE ECONOMIA DO PAÍS

Esta é a conclusão da Comissão de Avaliação Externa (CAE) que avaliou 19 cursos de Economia em Portugal. A Comissão, tutelada pela Fundação das Universidades Portuguesas, analisou as instituições à luz de critérios tão diversos como a qualidade dos alunos e do corpo docente, o nível de internacionalização ou a empregabilidade

EQUIS

A Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa recebeu a acreditação EQUIS da European Foundation for Management Development, no passado dia 16 de Junho, que reconhece que a Escola satisfaz os exigentes critérios de qualidade no que respeita ao ensino, à investigação, à internacionalização e à cooperação com o mundo empresarial. Fica assim comprovada a credibilidade da Faculdade a nível internacional.

Toda a gente que se empenhou para a que faculdade fosse melhor merece

quinta-feira, outubro 28, 2004

…É uma maneira que eu tenho de afugentar a melancolia e regularizar a circulação. Sempre que na minha boca se desenha um esgar carrancudo; sempre que me vai na alma um Novembro húmido e cinzento, sempre que dou comigo a deter-me involuntariamente em frente das agências funerárias ou a engrossar o séquito de todos os funerais com que me deparo; e especialmente, sempre que me sinto invadido por um estado de espírito de tal maneira mórbido, que só os sólidos princípios morais me impedem de descer á rua com a ideia deliberada de arrancar metodicamente os chapéus a todos os transeuntes, nessa altura, dou-me conta que está na hora de me fazer ao mar, quanto antes. É o meu estratagema para evitar o suicídio.

Herman Melville in Moby Dick

quarta-feira, outubro 27, 2004

Quando me sinto mais europeu sinto-me cada vez mais português


Foi com esta frase que o Presidente da República terminou a sua intervenção na abertura dos trabalhos da Conferência promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian e intitulada As novas fronteiras da Europa. Na minha opinião foi sem dúvida a melhor parte de uma intervenção marcada, como a maioria nesta conferência, pelo tema da adesão da Turquia.

Tal afirmação presidencial transportou-me imediatamente para tempos não muito distantes no tempo, mas bastante presentes emocionalmente, que corroboram a ideia do Jorge.

Sem querer puxar a sentimentalismos que tendo a sentir quando falo desta época, a verdade é que foi quando me encontrava no coração da Europa enquanto continente e enquanto formação política, Maastricht, que senti que esta frase fazia todo o sentido. Como quero ser prático e directo vou dar alguns exemplos quotidianos desta metamorfose. Quase um mês depois de ter chegado aos Países Baixos pedi aos meus pais que me enviassem um cd da Amália porque sentia necessidade de ouvir fado. Ainda que espantados por este meu interesse, enviaram o dito cd que me acompanhou a melancolia de um dia de chuva e frio no nono andar da multiculturalidade. Depois do fado foi a vez do bacalhau fazer uma viagem em caixa de cartão e com paragens várias e algumas demoras ser acompanhado por umas couves belgas colhidas no fresco da manhã num jantar de degustação portuguesa. Nos dias em que errava pelo edifício da biblioteca os meus sites favoritos eram o da TSF e Público, aonde devorava críticas de Fernando Alves e comentários vários com a curiosidade e preocupação inerentes à distância. Mais exemplos poderia enumerar, mas a realidade é que foi no mosaico cultural da Europa que encontrei a minha verdadeira identidade de português, não numa famigerada aliança atlântica.

segunda-feira, outubro 25, 2004

Seis meses

Serão seis meses pouco ou muito tempo? A resposta é claramente subjectiva e qualquer grau de objectividade que vá para além do que é de Lapalice, isto é que seis meses são seis meses, tira todo o encanto à relatividade do tempo.
A verdade é que eu não consigo responder a esta pergunta de uma forma quantitativa, dizendo se seis meses são pouco ou muito tempo, consigo fazê-lo apenas de uma forma qualitativa, e aí posso afirmar convictamente que os últimos seis meses da minha vida foram simplesmente maravilhosos. Nestes seis meses, que suplantaram no calendário outros quatro meses que nunca será apagados da minha memória, há um toque especial de alguém que foi capaz de me mostrar como o mundo visto por dois pares de olhos tem um encanto intrínseco. Consegui ver e sentir coisas que a banalidade me tinha impedido de ver e sentir e acima de tudo consegui sentir a verdadeira dimensão e poder do amor reflectido nesse mesmo par de olhos que me faz viajar sem sair do mesmo sítio e me dá a satisfação de tentar ser um ser humano melhor a cada dia que passa.
A intensidade com que vivi cada momento fez-me feliz e consciente que a felicidade são apenas momentos, às vezes tão simples como acordar com o cheiro de pão a torrar e de café quente.
A verdade é que a minha manifesta incapacidade para relatar o que foram realmente estes seis meses só lhe atribuem essa áurea de sonho de criança que acredita, que como nos contos de fadas, há coisas que podem ser para sempre…
Estes seis meses foram tempos de um sol quente e brilhante na beleza de um céu azul que é a vida.

sexta-feira, outubro 22, 2004

O espaço do olhar é tão claro e aberto
que nós estamos no mundo antes de o pensarmos
e nada nele indica que exista um outro lado
de sombras incertas de silêncios abismais
Vivemos no seio da luz onde o inteiro vibra
com a sua evidência de claro planeta
e ainda que divididos vivemos no seu espaço uno
porque é o único em que podemos respirar
As nossas sombras não nos acolhem como folhas
envolvendo o fruto o nosso desamparo vem de mais fundo
e nele não podemos manter-nos temos de ascender
ao móvel girassol do nosso olhar
ainda que seja só para ver a fulva monotonia do deserto
A vocação da pupila é o imediato universal
quer caminhemos numa rua quer viajemos pelo mundo
quer ainda diante de uma página em branco
A palavra pode anteceder a visão mas também ela é atraída
para o luminoso espaço em que desenha os seus contornos
Como poderia a palavra fingir o que lhe foge
sem a superfície de um solo iluminado?


António Ramos Rosa

quinta-feira, outubro 21, 2004

Finantial Times Vislumbra Um Portugal "Mais Rico a Tentar Emergir"

Será o Finantial Times o irmão português do Financial Times? Ou um exemplo de um jornal de serviço publico à moda do ministro Morais Sarmento?

quarta-feira, outubro 20, 2004

Saudade

Eram onze e pouco da manhã de um dia triste e frio quando no meio da Europa me comecei a sentir outra vez em casa, estava a chegar a Maastricht. Passaram dez meses sobre a data do meu regresso à realidade, ou do fim do sonho e a verdade é que parece que nunca deixei a capital do Limburgo para trás. Para além de esta ser constantemente evocada por todos os que comigo partilharam tão singular experiência em encontros mais ou menos esporádicos, a verdade é que algumas das melhores coisas que se passaram naqueles meses que desafiaram a rotina continuam presentes. Os verdadeiros amigos nunca se esquecem e os amigos que trouxe de lá continuam a privilegiar-me com a sua amizade.
Maastricht estava cheia de pessoas que se cruzavam constantemente no frenesim das compras, que por lá são feitas nas ruas dessa velha cidade. Servi de cicerone e mostrei a alguém que me tem mostrado as coisas mais belas que já vi os lugares mais emblemáticos da minha experiência de Erasmus. A residência foi a primeira paragem, e apesar de não ter entrado no Arc Building, senti que o poderia fazer mais tarde, tal era a sensação de pertença ao curioso edifício de varandas azuis. Lá estavam os mesmos sinais proibindo os carrinhos de supermercado e lá estavam as bicicletas debaixo do “fietstaling”, os seguranças zelosos a cada carro que entrava e dava a volta junto à recepção e apesar de não estarmos lá fisicamente, estiveram presentes na minha memória todos os bons momentos que ali passamos. Faltavam as couves, a bicicleta e principalmente o autor da famigerada foto matutina do acto impulsionado pela emoção nocturna.
Já suficientemente nostálgico segui para o Highlander, que parecia não ter o mesmo fulgor do início de noite aquela hora da manhã, onde me pareceu ouvir alguém a falar portunhol…
A faculdade estava fechada, mas cheguei a entrar na biblioteca depois de ter feito o caminho habitual pela ponte em frente ao conservatório aonde parecia tocar uma música mais triste do que nos tempo de então.. Almocei no V&D, local que me foi introduzido pelo Gravito, ainda sem conversa de Champôs.
Segui pela Niewestraat, aquela grande que sai do Vrijthof e vai até à St Servatiusbrug serpenteando a multidão e recordando o beco que dava alas à vontade e ao desafio depois de umas cervejas no Twee Heeren e a caminho do Meta e que custou um atraso na entrada no Alla. No Vrijthof alcancei com um olhar longínquo o Multibanco tantas vezes utilizado nas viagens de casa para o centro e pareceu-me ouvir alguém gritar pelo Nuno…
Atravessei as pontes, primeiro a velha depois a nova e já sentia saudades. Gabriel Garcia Marquéz escreveu que a pior forma de sentir saudades de alguém é estar ao seu lado e sentir que nunca poderá tê-la, eu acrescento que apesar de não poder estar mais bem acompanhado nesse dia, da minha camisola ter escrito “University Maastricht”, senti uma saudade enorme por saber que já foi minha essa cidade e que nunca mais poderá alguma vez ser minha da mesma forma que o foi.