terça-feira, setembro 30, 2003

Neste meio século não parece que os governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que moralmente estavam obrigados. As injustiças multiplicam-se, as desigualdades agravam-se, a ignorância cresce, a miséria alastra. A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante.
Jose Saramago
À distancia
Alguns dois mil quilometros me separam agora de Portugal. Estou a estudar numa cidade que teve um papel importante no desnvolvimento da construcao europeia, aonde foi ssinado um dos mais importantes marcos deste processo que tem aproximado, a todos os niveis os povos da Europa, estou em Maastricht. A internet traz-me as noticias de Portugal, nao dispenso a consulta dos jornais desportivos e é claro que me demoro, cada vez mais, a ler a pagina do jornal Público. Ha coisas que me despertam interesse reforçado, com é o caso do aumento das propinas. Ao longe vejo acções de colegas estudantes que tentam mostrar a sua indignação e agem para fazer valer o seu direito de opinião, sinto-me impotente... Não posso ter acções consequentes como as deles a partir de Maastricht, mas posso com toda a certeza solidarizar-me com as suas batalhas e desejar-lhes a melhor das sortes para uma causa que parece justa. É legítimo pensar que os estudantes estão contra o aumento das propinas pois não querem pagar mais. No entanto o que esta reforma, que o governo de centro direita implementou, significa é um retrocesso no processo democrático de Portugal através de uma elitização da educação.
Ainda na semana passada discutiamos numa aula de Desenvolvimento Económico o papel da educação no processo de desenvolvimento de um país. A sua iportância parece-me obvia, no entanto o autor do livro que seguimos na cadeira interrogava-se constantemente sobre o assunto. Na opinião dele se o sistema educativo não fosse verdadeiramente universal, e se o estado não desempenhasse um papel fundamental, a educação nao seria mais do que uma forma de as elites manterem o seu poder, pois seriam as mesmas elites a ter acesso aos níveis mais elevados de educação, às melhores escolas enquanto os mais desfavorecidos permaneceriam numa posição subserviente face a essas mesmas elites pois teriam níveis inferiores de educação e com um nível de qualidade inferior.
Força companheiros!!!

segunda-feira, setembro 29, 2003

Nao sei se foi a maneira mais propria para comecar um blog, mas na verdade nao sei o que quero fazer deste meio poderoso de dar a conhecer novos horizontes a outras pessoas. Como estou agora a viver uma experiencia de estudar noutro país, e como adoro viajar acho que o início do poema A passagem das Horas de Fernando Pessoa encaixa na perfeicao na minha personalidade e na forma como encaro a vida.
Porque escrevo??? Poderia responder como o mais extraordinario dos escritores Sul-Americanos, na minha modesta opiniao o Luis Sepúlveda, 'Escrevo porque tenho memoria, e escrever é uma maneira de exercitar a memória'. Na realidade escrevo porque gosto de tentar passar o turbilhao de emocoes e de vivencias que é o dia-a-dia para a escrita de forma a dar-lhe um corpo para além do meu.
"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero."

Fernando Pessoa