quarta-feira, novembro 10, 2004

Tinha sete anos…

Tinha sete anos quando vi na televisão as imagens que não podia compreender de pessoas a saltar um muro e a dizer que era o dia mais feliz da vida delas. Não podia compreender porque saltavam um muro aquelas pessoas e diziam aquelas coisas. Mais tarde quando a razão a idade me permitiram, num qualquer aniversário da queda do referido muro, pensei que a ideia de um muro a dividir uma cidade era no mínimo estranha. No dia em que cheguei a Berlin e vi a frieza de um bocado de betão, aonde desejos de liberdade chocavam ganhando a forma de inscrições de revolta, percebi que algo de errado se tinha passado ali. Não se pode dividir o que não tem divisão, se não podemos dividir uma pessoa ao meio, por que razão se poderia cortar em dois uma alma de cidade…Não me acho no direito de fazer julgamentos políticos do que quer que seja pois a relatividade dos factos ensinou-me a ver o outro lado do óbvio.

Tinha sete anos e agora tenho vinte e dois, e apesar de tudo o que já vi, dos sítios mais ou menos longínquos por onde passei, das sensações que nunca julguei existirem sinto que compreender certos acontecimentos leva o seu tempo e há alguns que nem com todo o tempo do mundo conseguiremos compreeder.

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